O último painel do Seminário se inspirou no filósofo sul-coreano Byung-Chul Han para discutir a “sociedade do desempenho” e seus impactos sobre o direito ao tempo, articulando alternativas para o fomento da previdência complementar. A moderação foi conduzida por Felinto Sernache, Retirement International Leader da WTW, que destacou o caráter de síntese da mesa: “nada que aconteceu aqui foi por acaso. Este último painel é a oportunidade de fazer uma síntese, cruzando os desafios e oportunidades já discutidos, sempre sob a ótica do fomento.”
Sylvia Lorena, Superintendente de Relações do Trabalho da CNI – Confederação Nacional da Indústria, chamou atenção para as pressões da sociedade do desempenho sobre a vida laboral: “vivemos em um ambiente em que a produtividade é constantemente exigida, mas precisamos lembrar que o direito ao tempo é fundamental. A previdência deve oferecer condições para que as pessoas projetem sua vida para além do trabalho.”
Marcelo Bispo, diretor-superintendente da Previnor, reforçou essa visão, apontando que “a lógica do desempenho não pode se sobrepor ao propósito da previdência. Precisamos de modelos que permitam liberdade, segurança e descanso, e não apenas mais cobrança e métricas de performance.”
Na perspectiva institucional, Narlon Gutierre Nogueira, diretor do Departamento de Políticas e Diretrizes de Previdência da Secretaria de Regime Próprio e Complementar do Ministério da Previdência Social, enfatizou o equilíbrio necessário: “o fomento da previdência deve considerar não só a expansão da base de participantes, mas também a qualidade da experiência que entregamos a eles. Isso significa respeitar o tempo das pessoas e dar previsibilidade às suas escolhas.”
Encerrando, Felinto resgatou o pensamento de Byung-Chul Han como provocação: “em uma sociedade marcada pelo excesso de positividade e pela pressão de performar sempre, a previdência complementar pode ser um espaço de respiro, de liberdade e de direito ao tempo.”
O painel concluiu que enfrentar a lógica da “sociedade do desempenho” exige reposicionar a previdência não apenas como instrumento de acúmulo, mas como um projeto de vida que devolve tempo, dignidade e liberdade às pessoas.