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Novos caminhos para os investimentos das EFPCs | V Seminário Previdência Complementar em Debate

23/1/2024

O tema investimentos mereceu destaque em duas apresentações sequenciais e relacionadas entre si no seminário. Esta, que teve como debatedores Bruno Maueler, head de investimentos da SPX Capital, e Cláudio Coppola, gestor da Matera RC, e a anterior, “As perspectivas para os investimentos em 2024”, bem refletem a relevância desse assunto no setor da previdência complementar fechada.

Não à toa, o mediador deste painel, Mauricio Martinelli, diretor de investimentos da Mercer Brasil, na abertura elogiou a organização do evento pela seleção e encadeamento dos assuntos: “Os painéis foram muito bem desenhados. Todos os assuntos se comunicam muito bem”. E, de imediato, emendou a primeira questão designando Maueler para respondê-la: “Quais são os ativos que você vê como importantes para uma entidade avaliar na construção do seu portifólio?”

Maueler comentou inicialmente que as taxas de juro, atrativas no momento atual no Brasil, mesmo se consideradas as projeções de inflação nos médio e longo prazos, e o baixo valor das ações brasileiras na bolsa, entre outras diversas possibilidades de investimento, por si só já garantem bom retorno no mercado tradicional. E alerta: “O segredo é combinar esses ativos de modo eficiente para que formem uma poupança previdenciária decente para os nossos participantes”.

Munido de dados de pesquisas, Maueler abordou dois importantes aspectos que podem trazer sensíveis alterações nos resultados dos fundos de pensão: o efeito comportamental nos retornos dos investidores e a decisão de contratar e demitir gestores, no qual mostra que essa movimentação precisa ser muito bem pensada e considerar o fator tempo. Em quatro anos, avaliados dois anos anteriores dos gestores demitidos e dois anos posteriores dos gestores contratados, a diferença de performance foi praticamente a mesma.

Já no primeiro caso, ele nos induz a pensar que investidores do perfil conservador e também moderado preferem ficar na zona de conforto. Maueler se vale de um gráfico que mostra que, de 2001 a 2020, o investidor comum obteve de retorno apenas 2,9% com uma inflação de 2,1% enquanto outros ativos como ouro, ações internacionais e imóveis performaram 10,1%, 5,0% e 3,7%, respectivamente.  Segundo a fonte Morningstar Direct Bloomberg DALBAR, “os investidores em ações e renda fixa têm desempenho consistentemente inferior aos mercados, devido ao mau comportamento, como comprar ações nos picos do mercado e vender na baixa”.

Ao ser perguntado por Martinelli sobre as melhores estratégias para gerar resultados e proteger os ativos dos clientes, especialmente com os fundos multimercado, Coppola enfatizou a dificuldade encontrada neste ano (2023) com a virada muito rápida de cenários no Brasil.

Especialista na modalidade de gestão de fundos multimercado, considerada a classe de ativo com maior liberdade para definir alocação e estratégia, Coppola, comentou que esse tipo de ativo cabe bem na esperada diversificação de portifólio na composição da carteira dos clientes para proteger seus investimentos.

Coppola, como ele mesmo se diz ser um gestor de perfil mais agressivo, afirma: “É recomendável que se diversifique também o perfil do gestor em razão de suas expertises. Isso promove o equilíbrio da carteira”. Ele ainda acrescenta: “A beleza dos fundos multimercado é operar um mix de vários ativos ao mesmo tempo’.

Ele também valoriza o olhar atento e diário à economia americana pela sua influência ao redor do mundo e nos países emergentes, como o Brasil, e também em outras economias como a China e o Japão. “Não se pode perder de vista que, em 2024, haverá eleições nos Estados Unidos”. Para ele, esse fato deverá trazer alterações sensíveis na economia de muitos países.

Nas considerações finais, Coppola aposta firmemente na diversificação e recomenda que os portifólios sempre contenham ativos de maior liquidez, como o dólar.

Também para Maueler, é fundamental apostar na diversificação. Entre diversos benefícios, estão a redução de risco do portfólio, admite a inclusão de mais de um ativo em um portfólio concentrado e, ainda, caso a correlação seja alta, o benefício marginal de incluir um novo ativo diminui rapidamente.

Assista à gravação desse painel

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