Com uma fala envolvente, crítica e profundamente humanista, o médico e gerontólogo Alexandre Kalache encantou a audiência do Quick Talk 3, parte do 4º Seminário dos Fundos de Pensão e Patrocinadores Privados 2025. Com mediação de Daniel Conde, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), a conversa girou em torno da urgente necessidade de se repensar políticas públicas e atitudes diante do envelhecimento populacional no Brasil.
Kalache, que hoje preside o ILC (International Longevity Center) Brazil, compartilhou sua trajetória singular, iniciada com um ideal de infância: “Quando eu tinha uns cinco anos, minha mãe escreveu no livro do bebê: ‘Hoje estou tão feliz! Alexandre disse que quando crescer quer ser médico, porque os pais vão estar mais velhinhos e vão precisar de cuidado.’” Com mais de 50 anos dedicados à gerontologia, incluindo passagens marcantes pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e instituições acadêmicas globais, ele defende que o Brasil precisa abandonar a ideia de que envelhecer é um problema — e abraçá-lo como desafio estratégico e oportunidade social.
“Não se envelhece impunemente num país desigual”, provocou Kalache, ao lembrar que a longevidade será cada vez mais uma questão de justiça social. Ele reforçou a importância dos fundos de pensão se engajarem ativamente na construção de ambientes que favoreçam o envelhecimento ativo, saudável e digno. “Não basta viver mais. É preciso viver melhor.”
A fala de Kalache foi recebida com entusiasmo e reflexão pelos presentes, reforçando o papel do seminário como espaço de diálogo intersetorial e aprofundado sobre os rumos da previdência e da longevidade no país.